O Mendigo de Assis
Vejo um mendigo em andrajos,
Sofrendo o que nunca diz,
Caminhando sob a chuva,
Sem se dizer infeliz...
Tem fome e sede o coitado,
O corpo em chagas coberto,
Febre alta e tosse má,
Seguindo em destino incerto...
Tropeça e cai sobre a lama
Da estrada em solidão,
Parece cumprir desterro
Em tão rude provação...
No entanto, o ouço cantar,
Na gelada noite escura,
Qual se estivesse tomado
Por uma estranha loucura...
Louva a chuva, louva o vento,
Louva a febre em que estremece,
Dando graças ao Senhor
Por tudo quanto padece...
A tudo chama de “irmão”,
O irmão Sol e a irmã Lua,
O irmão Fogo e a irmã Morte,
E a cantar continua...
Esse mendigo tão pobre,
Tudo o que sofre bendiz...
Qual é mesmo o nome dele?!
- É Francisco de Assis!...
Formiga/Baccelli
Casa Espírita “Bittencourt Sampaio”
Uberaba – MG, 25-11-23.